;...de J.Mell�o Netto, hoje:
"Fil�sofos de araque existem em profus�o. Todos pregam mudan�as radicais na natureza humana. E foram justamente eles - que prometiam a perfei��o do homem e da sociedade - que transformaram grande parte do s�culo passado num verdadeiro inferno terrestre.
O ceticismo quanto � perfei��o humana � outro aspecto importante do pensamento conservador. N�s conseguimos realizar mudan�as na natureza exterior. J� a natureza humana se tem mostrado praticamente imut�vel. O conservador n�o acredita que exista algum homem t�o acima da m�dia, t�o isento de paix�es e preconceitos que se possa com tranquilidade entregar-lhe um poder sem limites. Assim sendo, a melhor forma de governo � mesmo a democracia. Esta disp�e dos freios e contrapesos (checks and balances) necess�rios para refrear logo no nascedouro qualquer tenta��o totalit�ria. A sociedade possui anticorpos. E eles s�o acionados sempre que h� exorbit�ncia de poder.
O grande autor moderno do conservadorismo � Russell Kirk (1918-1994) e no passado foi Edmond Burke (1729-1797). Este �ltimo, al�m de ter sido o grande precursor dos princ�pios conservadores, notabilizou-se por ter escrito um livro intitulado Reflex�es sobre a Revolu��o em Fran�a, no qual, ainda no calor dos acontecimentos, defende ardorosamente o sistema pol�tico ingl�s - de reformas graduais, em contraposi��o ao extremismo e �s exorbit�ncias que ocorriam do outro lado do Canal da Mancha. Depois que Luiz XVI foi guilhotinado, em 1792, Burke voltaria ao tema, argumentando que os franceses teriam cometido um erro pol�tico grav�ssimo: "Voc�s ainda haver�o de se arrepender amargamente deste ato. Ao inv�s de fazer como a Inglaterra, que em 1688 promoveu todas as reformas necess�rias pacificamente e ainda com a chancela real, voc�s, franceses, acabam de proclamar oficialmente a sua orfandade. E viver�o eternamente carentes de um rei". Os fatos demonstraram que Burke tinha raz�o. Depois de Luiz XVI, os franceses viriam a proclamar diversos reis e imperadores, sendo o mais importante deles Napole�o Bonaparte.
Nos dias de hoje, quem passa por cima do viaduto d"Alma, em Paris, encontra uma esp�cie de santu�rio onde muitos acendem velas e pedem milagres. Nesse mesmo local, uns 20 metros abaixo, num acidente de autom�vel, morreu Lady Di. Diana Frances Spencer n�o era uma santa (longe disso), mas foi uma princesa. Seria mais um ind�cio de que Burke tinha raz�o?"
...p�sto coisas das colunas de jornal, agora na madr�..
"RIO DE JANEIRO - Pe�as de memorabilia americana ir�o a leil�o domingo na casa Bonhams, em Los Angeles. Entre os lotes em disputa, estar�o um chap�u-coco e bengala usados por Chaplin; um sax alto que pertenceu ao jazzista Charlie Parker; uma cadeira de vime egressa do Rick"s Caf� no filme "Casablanca"; o original de uma tira do personagem Charlie Brown, por Charles Schulz; uma carta de John Lennon a Yoko Ono, com um desenho por Lennon dos dois nus etc. Nenhum lance inicial abaixo de cinco d�gitos em d�lar.
Quando leio isso, pergunto-me por que n�o temos parecido. Imagino um leil�o no Rio com a cartola e o smoking de lam� usados por Carmen e Aurora Miranda no filme "Al�, Al�, Carnaval"; uma flauta de Pixinguinha; um isqueiro de Orson Welles, com seu monograma, perdido (ou afanado) quando ele veio filmar "It"s All True" no Brasil; o fac�o de Corisco (Othon Bastos) em "Deus e o Diabo na Terra do Sol"; o original de uma aventura de Lourolino e Remendado pelo desenhista Joselito em "Vida Infantil"; uma carta de amor por Nelson Rodrigues etc.
Mas sejamos modestos. Por que n�o, pelo menos, um leil�o que oferecesse um "bobs" de cabelo de Celly Campello no tempo de "Banho de Lua"; uma chuteira de Valdemar Carabina, beque do Palmeiras; ou o manuscrito de "Meu P� de Laranja-Lima", por Jos� Mauro de Vasconcelos?
Pelo mesmo motivo que esses nomes s� t�m hoje algum eco entre os maiores de 60 anos, e olhe l� --porque nossa mem�ria � al�rgica a nomes, objetos ou pap�is velhos."
Voltando �s principais teses conservadoras, um conservador de verdade n�o tolera o relativismo moral. Ainda no s�culo passado, terr�veis consequ�ncias sofreram os povos onde ocorreu um colapso da ordem moral, onde os cidad�os transigiram quanto a isso."