Dedos do sil�ncio
Vem�
Me toma � beira da noite,
caminha por mim
com seus passos molhados,
despeja seu rio no meu c�lice
� pois minha emo��o � s� �gua.
Vem�
Que eu lhe dou um trago
deste meu vinho guardado,
destas minhas uvas
frescas de inverno�
Que eu derramo em gotas meu perfume
pelos quatro cantos do seu corpo,
vestindo sua pele com a camur�a
da nudez e do sil�ncio.
Vem�
Deita e me canta,
sente meu desejo
se esgueirando pelos seus dedos,
veleja sem b�ssola
pelos meus sentidos,
me olha como quem pede lua�
Deixa eu sussurrar minhas folhas,
soprar minhas p�talas
pelo seu peito de relva,
pelo seu solo macio.
Vem� N�o volta,
esquece a hora morta
do cotidiano de sempre.
Me toca feito m�sica
e deixa eu cantar meu bolero
pelas suas curvas de carne�
Sinto-me inoc�ncia
passeando por suas alturas,
por seus andares cheios
da mais noturna noite densa.
Desvenda essa face molhada
e me mostra a sua vertente original
de emo��o-f�mea pura�
Que eu o espero na branca paz
do meu ventre adormecido,
dos meus bra�os plenos
de fogueiras e cantigas.
Vem�
Que eu desfolho
toda essa sua vontade nua,
que eu desperto
todo esse seu lado cigano�
pois o meu leite � morno
e � rosa franca meu sorriso.
Deixa seu barco
navegar pelo meu leito,
que eu carrego no peito a �nsia
de hastear a bandeira do infinito�
Vem�
Deita� Me namora�
Me afoga no espelho de luz
dessa madrugada afora,
me diz que no nosso tempo
n�o h� tempo nem hora,
que eu n�o ag�ento
a flor do sexo que arde
nas entranhas de mim�
Deixa que eu amanhe�a
na espuma dessa sua onda quente,
deixa sua emo��o fluir
da garganta num repente�
Que eu carrego nos olhos de relento
a voz que lhe pede a terra
e que lhe entrega o mar.
Autoria de Rosy Feros