O problema é esse: não há espaço para parar. Não há pausa, não há intervalo. Há listas infinitas, há coisas por fazer, há gente a chamar, há bocas para alimentar, há expectativas para cumprir. E eu no meio disto tudo, a morrer de pé, a sorrir porque “tem de ser”, a fingir que estou inteira quando já só sou cacos.
Dizem que sou forte. Porra, que merda de elogio. Forte é quem se lixa sempre, quem aguenta tudo, quem se lixa para que os outros fiquem bem. Forte é quem nunca pode cair.
Só queria um dia de fraqueza. Um dia de merda, só para mim. Um dia sem perguntas, sem toques, sem “mãe, mãe, mãe”, sem precisar de estar sempre pronta. Um dia para desligar da ficha, para ver se o corpo me devolve a alma que já me fugiu há séculos.
Mas não posso. Porque se me sento, adormeço. Se adormeço, não acordo. E se não acordo, quem é que segura isto tudo?