Força é quando tu escolhes lutar. Resistência é quando continuas porque não há outra hipótese.
E eu continuo.
Não porque sou mais corajosa, mas porque sei o que me espera se parar. Já vi o fundo de mim. Já estive no escuro onde a cabeça grita e o corpo fica mudo. Já me despedi mentalmente de tudo o que tinha e mesmo assim, no último segundo, houve qualquer coisa, mÃnima, miserável, a dizer: "Ainda não".
Não sei se é fé, se é teimosia, se é o instinto de sobrevivência animal. Mas existe. E, foda-se, é mais forte do que eu.
A vida ensinou-me a deixar cair quem pesa mais do que ajuda. A escolher os silêncios em vez das discussões estéreis. A aceitar que há dores que ninguém vai perceber e que nem vale a pena explicar. Que não há diploma para quem aguenta. Que não há prémio no fim, nem um aplauso no último acto.
Mas também me ensinou que o simples facto de acordar no meio do caos já é uma pequena vitória. Que há beleza em sobreviver. Mesmo de olhos vazios, mesmo sem poesia, mesmo sem esperança. Sobreviver é a forma mais pura de desafio.
E enquanto eu respirar, eu vou. Nem sempre bem. Nem sempre certa. Mas vou. Porque o inferno que me espera se desistir é muito pior do que qualquer merda que eu tenha de atravessar.
Por isso, não me venham com merdas de positividade barata, de clichês de almofada, de frases feitas. Guardem isso para quem lê Gustavo Santos.
Eu sigo. Na raça. No instinto. Na verdade crua. E às vezes, na puta da raiva. Porque, no fim, é isso que me faz humana. E eu não troco isso por nada.
By chocolate não dói