Disseste que se via nos olhos. Que nem um sorriso conseguia esconder. Que me vias, assim.
Perdoa-me tamb�m; porque eu reparei nos teus olhos. E n�o esque�o gestos.
Por exemplo: qd levaste a m�o ao peito como se n�o conseguisses respirar.
Ouvias esta m�sica.

J� n�o te recordas, eu sei. Disfar�aste. Ainda hoje me espanto com o que aguento lembrar. Por exemplo:
quando chorei abra�ada a ti. Foi assim que nunca mais abandonei o teu cheiro.
. Mas tu voltaste a dizer que se via nos olhos e eu � o tanto que tentei
s� queria enganar-te. Cedi. N�o sei bem o que viste. Sei que te arrastei no meu sil�ncio
Que me acalmou a tua respira��o acelerada. Ou a tua m�o no meu cabelo
Beijaste-me em pren�ncio de trag�dia. N�o interessa agora. O que aconteceu? A mem�ria ser� o meu calv�rio.
E isso � tu sempre soubeste � v�-se nos olhos
Tomara eu sab�-lo t�o bem: talvez ainda tivesse tempo de fugir
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Rafael Alberti
