Sentindo Saudades !

Saudade n�o se teoriza, se sente.
� presen�a da aus�ncia.
Mas h� saudade e saudade.
Saudade cruel e saudade doce, boa.

A saudade cruel � aquela do que est� longe.
Do que vislumbramos, conhecemos at�, mas n�o temos dentro de n�s.
Essa d�i, machuca, tira o sono, maltrata, rouba o riso,
modifica o olhar, entristece.
Mas n�o � saudade, de fato, � falta.
Falta do que, ou de quem n�o se tem.
Falta, � o verbo que tem cheiro de vazio, � lacuna;
saudade � substantivo que se transforma em adv�rbio
de intensidade, intensidade o sentir.

� sensa��o, � plenitude, � lembran�a.
E somos afortunados.
N�o h� em outra l�ngua verbete para traduzir esse sentimento.
Saudade boa, saudade, saudade, essa � doce.
D�i? D�i sim, mas n�o � cruel, � uma dorzinha boa de se sentir, leve,
que enche o peito, faz sonhar, sorrir, elevar o olhar para o passado,
gera suspiros e �, como afirmei, presen�a da aus�ncia.
Nada torna mais presente o que est� ausente do que sentir saudades.
Saudade � vida. S� morremos quando esquecidos, quando n�o somos
mais ausentes em ningu�m e isso quer dizer que n�o existimos
mais em nenhuma mem�ria.
Saudade boa � consci�ncia de algo ou algu�m.

N�o sentimos nunca saudades do que n�o nos emocionou,
provocou sorrisos, prazer, amor, �xtase,
sentimentos verdadeiramente bons.
E as m�sicas, os poemas, os textos, as can��es,
n�o servem para outra coisa
a sen�o para traduzir o que n�o conseguimos definir;
para falar por n�s, ratificar o que sentimos.
Ent�o, se por acaso lhe vem � mente uma m�sica antiga ou atual,
brega ou moderna, se uma paisagem ou um c�u estrelado,
uma imagem do passado ou de algu�m, lhe surgir na mente;
ou se um trecho de um poema, de um texto qualquer,
lhe provocar um suspiro, e de repente voc� sentir saudades.
N�o se espante, nem se entriste�a.
Aproveite.
Agora se algu�m disser que sente saudades de voc�,
comemore duplamente.

Triste � n�o ter do que ou de quem sentir saudades.
E mais triste ainda � n�o deixar saudades em ningu�m.