Outro dia, fui procurar uma música, que me remetia a um momento muito especÃfico, e aÃ, procurando, simplesmente não haviam resquÃcios dela em rede social nenhuma, era como se ela nunca tivesse existido, mas existiu, era real, só que agora é uma música que só existe na minha cabeça, como um devaneio. Um devaneio divino, durador aqui dentro. E bem ficcional, totalmente. Talvez alguns dos meus sentimentos e emoções tenham sido atemporal e não tenham se enquadrado no conceito de tempo, não se encontra no presente, nem passado e nem futuro, mas num "Meio" passageiro, que não tem o direito de comparecer, mas que também não vai embora. E fica aqui suspenso, dentro de mim, guardado como uma cicatriz invisÃvel. Uma cicatriz que sempre esteve presente, mas que só agora fere, é algo que eu não posso soltar, mas que segurar também já é demais, e esse "Meio", esse abismo entre o que eu fui e o que eu jamais serei, se espalha por mim como um eco surdo, como um grito abafado, e mesmo sabendo que não existe mais espaço pra ele, esse amor se recusa a pagar, como uma chama que arde sem luz, chama essa que tenta me guiar de volta, pra um lugar que parece nunca ter existido de verdade, igual a música. E considerando o motivo que os sentimentos e as emoções foram arrancados daqui, talvez não tenham existido mesmo. Foi uma verdade efêmera, uma verdade que se desfez com o tempo, como um sussurro de um sonho grande e bonito, mas que nunca teve peso ou que teve peso até demais. Toda vez que eu penso no amor, me cai uma dúvida enorme, do porquê coisas boas também acabam, confesso até que muitas vezes, isso me faz desacreditar se o amor realmente existe, mas aà eu me apaixono outra vez, e eu volto a acreditar de novo, mas eu acho que talvez seja isso, sabe? O amor é um fluxo contÃnuo, que nem sempre vai girar numa só pessoa, mas sempre num só sentido, o amar. E ele vai vir de várias formas diferentes, nunca igual, nem deveria ser também, porque não terÃamos mais o que aprender e entender. Mas por mais que diferentes, algumas coisas ficam guardadas naquela lembrança, que só a gente sabe acessar. E aà o novo se assemelha a algo que já existiu, combina numa música, num visual, num livro e até mesmo em outro beijo e mesmo que no meio do caminho aconteça uns pauses, uns bloqueios e alguns afetos quebrados, eu acredito que o amor mesmo sempre vem, e como quem não espera nada, a gente já espera tudo. E aÃ, quando vem, a gente sabe, não tem jeito, tem que ser, e é. Eternamente ou até onde é pra ser, mas é. E eu acho importante pensar sobre as coisas que vão, sabe? E sobre o que o amor vira depois que termina, eu ainda não entendi, mas sei que foi amor e tudo que foi, foi. E talvez nunca mais volte e nem deve, porque é maldade demais amar o perdido. O amor é coragem. E a gente perde tanto pela falta de coragem, tem gente que até uma vida inteira. Eu acho que o amor de verdade nunca acaba, sabe? Ele se transforma e fica, guardadinho lá dentro da caixinha da alma. Uma vez eu escutei de alguém, que o amor sempre sabe o caminho de volta, mas eu acho que ele precisa se perder muito, pra poder encontrar e eu li em algum lugar, que ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém, eu acredito nisso e à s vezes na cabeça fica aquela sensação de que poderia ter sido mais. Mas eu acho que foi, exatamente o que tinha que ser. Eu sou uma pessoa que sabe ressignificar as coisas. Mas tem coisa que, não se ressignifica, desde algumas coisas que dei, até o que talvez eu nunca mais consiga dar. E eu acredito muito que duas linhas nunca se cruzam à toa, se não pra aprender, pra ensinar, ou os dois. E dessas linhas algumas ficam, à s vezes vão, algumas nem têm oportunidade de poder ficar e vão. Mas foram linhas que se cruzaram, linhas que se fossem retas, nunca se cruzariam. E eu não sei se eu ainda sou, aquela medrosa cheia de coragem, mas eu sinceramente não quero mais viver a vida, sempre correndo do que eu sinto. Então, se houver de haver, tenta achar o caminho.
— .(Escrito dia 04/05/2025, às 15:21).